Quanto de alimento saudável poderia ser produzido no Brasil se houvesse diversificação do plantio do tabaco?

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Você sabia que o Brasil produz tabaco numa quantidade de terras equivalente à da produção de todos os vegetais consumidos no país? E que se houvesse transição para a produção de comida diversa e de verdade, teríamos ganhos no enfrentamento da insegurança alimentar e da fome, mais qualidade de vida para fumicultores e menos custos com doenças tabaco relacionadas?

Esta é a conclusão da Nota Técnica que a ACT lançou, na semana do Dia Mundial Sem Tabaco, encomendada ao economista Valter Palmieri Jr., da Universidade Estadual de Campinas, de acordo com o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde para a data, “Precisamos de alimentos, não de tabaco”, que chama a atenção para que países invistam no apoio a alternativas à cultura do fumo, ou seja, na diversificação do plantio do tabaco.

Essa troca é mais do que necessária e urgente, parte do compromisso que o Brasil assumiu em 2005 ao aderir à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da OMS. Em seus artigos 17 e 18, o texto deixa evidente que uma das políticas importantes para o controle do tabaco é a promoção de alternativas economicamente viáveis para os agricultores, e a proteção do meio ambiente e à saúde das pessoas. O Brasil tem o Programa Nacional de Diversificação em Áreas Cultivadas com Tabaco, criado em 2005, que teve experiências exitosas, mas que está sem recursos desde 2018. 

Na pesquisa, baseada em dados oficiais, o economista estima que se 30% das terras destinadas para produzir fumo hoje fossem utilizadas para produção de arroz, haveria um acréscimo de 723,6 mil toneladas, por ano, desse alimento, um dos mais consumidos pelos brasileiros. Se esses mesmos 30% fossem destinados para produzir uvas frescas, cultura viável na região fumageira, o sul do país, haveria um acréscimo de 2,43 milhões da fruta, por ano e, se essa terra fosse para produzir trigo, um acréscimo de 300 mil toneladas, também anual, número que ajudaria na diminuição da dependência da importação desse produto, base de muitas receitas caseiras.

Campanha

A Nota Técnica serviu de base à campanha intitulada “A indústria do tabaco sufoca a produção de alimentos saudáveis“, que joga luz no início da cadeia produtiva do fumo: os agricultores e o sistema agrícola, em contraponto à necessidade de produção de alimentos saudáveis como vegetais, grãos, frutas e legumes. Elaborada pela agência 3A e com apoio da Vital Strategies, a campanha traz um espaço de apoio e assinaturas para a retomada do programa nacional de diversificação. Participe e apoie também.

Prêmio da OMS

A trajetória de 16 anos da ACT no controle do tabaco, na implementação da Convenção-Quadro, que acaba de completar vinte anos, e a disseminação de informações a respeito do impacto socioambiental do cultivo e da produção do produto nos levou a ganhar o Prêmio da OMS pelo Dia Mundial Sem Tabaco, entregue pela entidade neste 31 de maio.

Dado a representantes da sociedade civil, ativistas, pesquisadores, entre outros, a premiação destaca as ações e iniciativas que visam reduzir as mortes e doenças relacionadas ao tabagismo. 

“É uma honra e uma felicidade enorme o recebimento desse prêmio. Para nós, é um reconhecimento para reforçar que estamos no caminho certo e um estímulo para nos dar mais fôlego ainda para nossa atuação”, afirma a diretora-presidente da ACT, Mônica Andreis, que estendeu este prêmio a toda a nossa equipe, aos nossos parceiros e financiadores.

Apoie a retomada do Programa Nacional de Diversificação de Áreas Cultivadas com Tabaco.

Acesse já: https://diversifica.org.br

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