Os males causados pelo fumo à saúde das pessoas já são bastante conhecidos, mas a fumaça do cigarro esconde também prejuízos para o meio ambiente – em especial um material notadamente poluidor, mas que poucas pessoas associam com produtos de tabaco: o plástico.
E não é só nas embalagens. Ao serem degradados, os filtros dos cigarros se decompõem em componentes que incluem microplásticos, que são liberados no ambiente junto com outros metais pesados e toxinas quando as bitucas são descartadas de maneira irregular – o que acontece quase sempre, visto que elas são o item mais descartado do planeta e são comumente encontradas em praias e ruas. Em números, são 4,5 trilhões de bitucas todos os anos. Quando o microplástico presente nos filtros é ingerido por animais marinhos, por exemplo, ele entra na cadeia alimentar e pode causar ainda mais impactos na saúde humana. Estudos já encontraram resíduos de bitucas em 30% das tartarugas e 70% das aves marinhas. Mais recentemente, microplásticos foram também detectados no sangue humano, o que mostra como é urgente combater o problema.
Além da presença de plástico, a produção de tabaco também está associada a 5% do desmatamento global, causa a emissão de gases estufa, usa agrotóxicos em excesso e gasta enormes quantidades de água. Agora, nos últimos anos, com a produção de cigarros eletrônicos e outros dispositivos eletrônicos para fumar, somam-se a essa equação ainda mais plástico, além das baterias. Já passou da hora de reconhecermos que o tabaco faz mal para a saúde do planeta, e não só das pessoas.
O tema do Dia Mundial Sem Tabaco deste ano, celebrado em 31 de maio, é justamente a relação entre o fumo e os danos ao meio ambiente. É preciso implementar medidas eficazes para controle do tabaco e responsabilizar a indústria, que lucra com produtos nocivos para o ecossistema e para a população. Entre elas, incluem-se programas para diversificação e substituição das plantações de tabaco por outras culturas, proibição da propaganda de todos os produtos de tabaco e, principalmente, políticas tributárias que elevem os preços dos cigarros – medida especialmente eficaz para reduzir a prevalência do fumo, como mostram diversos estudos e experiências internacionais, e que também permite que os recursos arrecadados sejam utilizados em programas de prevenção, tratamento e recuperação ambiental. Infelizmente, no Brasil, a política de preços e impostos não sofre reajuste desde 2016, o que tornou o cigarro mais acessível nos últimos anos, na contramão do que vem acontecendo em supermercados, onde produtos básicos como legumes e frutas estão cada vez mais caros.
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