Não é só um vaporzinho

vapes

A ACT e a Vital Strategies lançam nesta semana a campanha #CancelaOVape. O objetivo é apresentar evidências científicas robustas que comprovam os malefícios à saúde dos cigarros eletrônicos e outros dispositivos eletrônicos para fumar – DEFs, elucidar dúvidas, combater a desinformação sobre o tema e incentivar as pessoas a apoiarem a proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa submetida à consulta pública. Também apoiam a iniciativa o Idec, a ABEAD, a Fundação do Câncer e a SBPT

Esses dispositivos são proibidos no Brasil desde 2009 pela Anvisa. Até 9 de fevereiro, é possível posicionar-se em relação à nova proposta de texto regulatório da Agência, que amplia as proibições e segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde – OMS, além de basear-se nas mais recentes evidências científicas. 

A campanha conta com um site que reúne 10 motivos para manter a proibição, um passo a passo de como participar da consulta pública e um arquivo com levantamento de argumentos em favor da proibição.

Haverá ainda mobilização nas redes sociais, além de spots veiculados entre a primeira e a segunda história de todos os episódios da Rádio Novelo Apresenta. A ideia é dialogar principalmente com o público mais jovem, para quem os vapes têm sido a porta de entrada para o tabagismo. De acordo com o Vigitel do ano passado, 60% dos usuários de 18 a 24 anos nunca haviam fumado cigarros convencionais. 

E não é à toa que os cigarros eletrônicos atraem jovens: seu design moderno e a adição de sabores agradáveis são pensados justamente para chamar a atenção de adolescentes e jovens. Assim, a indústria tenta driblar a perda de receita com a queda na venda de cigarros tradicionais – fruto de políticas públicas e do trabalho da sociedade civil para a conscientização sobre os malefícios do tabagismo – e conquistar novos públicos com os vapes. 

As estratégias também incluem conteúdos pagos e com cara de reportagem em veículos de comunicação, ligação com influencers e uma campanha de desinformação, baseada em estudos científicos financiados pela indústria do tabaco e, portanto, repletos de conflitos de interesses. 

A OMS tem chamado a atenção para essas estratégias de forma reiterada e pedido aos países que protejam as crianças e os adolescentes das ações de interferência da indústria. 

 

As mentiras que eles contam

Ao contrário do que a indústria do tabaco defende, a proibição dos vapes é uma estratégia de proteção da saúde da população que dá certo. O consumo de DEFs no Brasil está concentrado nas capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília e está em decréscimo. Ainda segundo o Vigitel – realizado pelo Ministério da Saúde – no ano passado, 6,1% dos jovens adultos – de 18 a 24 anos – haviam utilizado DEFs. Em 2019, o índice era de 7,4%. 

Já os Estados Unidos – país que liberou os cigarros eletrônicos – declararam enfrentar uma epidemia de vapes entre adolescentes. De acordo com a pesquisa “Uso de cigarros eletrônicos e uso dual entre jovens em 75 países: estimativas da Global Youth Tobacco Surveys (2014-2019)”, realizada com estudantes entre 13 e 15 anos, nos países que proíbem a venda de cigarros eletrônicos os níveis de consumo por jovens são menores do que países que permitem, e há redução das chances do consumo por este público.

A campanha também apresenta evidências que desmontam o argumento da indústria de que os dispositivos eletrônicos são mais seguros que os cigarros convencionais. Pesquisas já identificaram cerca de duas mil substâncias em cigarros eletrônicos, levando ao adoecimento dos seus consumidores mais precocemente em relação aos usuários de cigarro convencional. 

Assim como os cigarros, os DEFs, em sua maioria, contêm nicotina, substância que causa forte dependência. Alguns têm sais de nicotina, o que aumenta a capacidade de gerar dependência. Estudo do Instituto do Coração – InCor mostrou que os usuários de dispositivos eletrônicos apresentam níveis de nicotina no organismo equivalentes ao consumo de, pelo menos, 20 cigarros convencionais por dia. 

Para proteger a população, #CancelaOVape. Participe dessa campanha!

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