O Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado em 27 de novembro, é uma data criada com o objetivo de levar informação sobre a doença para todas as parcelas da sociedade. O câncer mata milhões de pessoas todos os anos. O Instituto Nacional do Câncer prevê 626 mil novos casos este ano no Brasil. As causas são diversas, mas sabe-se que os fatores ambientais são responsáveis por 80-85% dos casos, dos quais até a metade podem ser prevenidos, já que estão relacionados ao meio em que vivemos e hábitos de vida.
Os governos deveriam investir em prevenção, pois é mais barato prevenir do que tratar. Para cada dólar investido no enfrentamento de câncer e outras doenças crônicas não transmissíveis, pode haver um retorno de até sete dólares em termos de aumento de emprego, produtividade e longevidade, diz estudo da Organização Mundial da Saúde.
A chave da prevenção está nos principais fatores de risco, como tabagismo, consumo de álcool, alimentação inadequada e inatividade física, além da exposição ocupacional e poluição do ar. Entre as iniciativas estruturais testadas e bem sucedidas, destacam-se as medidas regulatórias e tributárias.
A lógica da tributação de produtos que fazem mal à saúde das pessoas e ao meio ambiente, como tabaco, ultraprocessados, álcool e combustíveis fósseis, para desestimular o consumo, aumentando o preço final, é recomendada pela OMS e pelo Banco Mundial como a política pública mais efetiva para redução do consumo e vem sendo usada em diversos países. No Brasil, a discussão da reforma tributária representa oportunidade de aumentar o impostos sobre esses produtos nocivos, diminuir o consumo e, ainda, de estabelecer um sistema de arrecadação solidário, saudável e sustentável, cada vez mais necessário, principalmente num cenário de recuperação da pandemia da Covid-19.
A regulação de publicidade deste tipo de produto também é muito eficaz, já que a promoção ampla e em diversos meios atrai novos consumidores, principalmente jovens, e torno o consumo normal, quando não é. Outra medida é a implementação de advertências sanitárias nos espaços públicos e de rotulagem adequada com informações claras em embalagens, conforme aponta a experiência bem sucedida com advertências sanitárias de produtos de tabaco e a rotulagem nutricional frontal em ultraprocessados em diversos países.
Em todos esses eixos, é essencial que governos avancem em medidas de proteção contra os interesses das indústrias que comercializam produtos nocivos, já que, para maximizar lucros, elas podem interferir em políticas públicas eficazes.
Confira aqui a nota técnica da ACT e outras organizações, sobre os fatores de risco de câncer.