Texto adaptado pela Sofia, colaboradora da ACT, a partir de reportagem da Folha de SP, Caderno Mais, de 07/09/08.
É isto mesmo que você leu: após de 46 anos de resistência ao tentador mundo do cigarro a curiosidade tomou conta do professor Tom Chiarella: “Vivi 46 anos antes de fumar meu primeiro cigarro. Então me converti em fumante por 30 dias propositadamente (…) eu queria chegar a um maço por dia em um mês. Então eu deixaria de fumar. Se isso me fizesse ficar doente, tudo bem. Eu queria sentir isso. Se apresentasse sintomas de abstinência, ok, eu lidaria com isso. Eu precisava entender”.
Para um americano, em que o cigarro é cada vez mais uma figura pejorativa, começar a fumar poderia trazer a ele a irresistível e provocante sensação de provar o inadequado. A iniciação dos fumantes geralmente se dá na infância ou na juventude, faixa etária predileta dos ataques da indústria tabagista; começar a fumar para um homem de meia idade traz a ele tudo aquilo que a indústria tenta vender para atrair os seus consumidores infanto-juvenis, aquela velha conhecida história da liberdade, conseguir aquele ar despojado e descolado, associando o cigarro como uma ponte para fazer novas amizades.
Pois bem, este homem que já viveu a experiência de ver o filho se tornar um dependente da nicotina e o repreendeu severamente por isto, se atreveu a experimentar 30 dias como fumante com o desejo de tornar-se um dito “fumante inveterado”; passou o mês experimentando até 34 marcas de cigarros diferentes e 11 isqueiros . Relatou na revista ESQUIRE a experiência de como é ser um fumante americano.
Mesmo diante de protestos e incredulidade, realizou seu projeto. Sua namorada reagiu: “Você vai usar isso contra mim? Você não pode imaginar que eu gosto disso. Não pode.”
“De quê? De eu fumar?”
“Não. De eu mesma fumar”
No relato Tom mostra a necessidade que tinha em aventurar-se neste mundo esfumaçado que é o do fumante, porém mal sabia ele como era o ato de fumar, as etapas deste ato eram praticadas por ele com dificuldade, desde posicionar o cigarro entre os dedos, acendê-lo, tragar e soltar a fumaça. Para este homem o mês foi intenso de novas amizades e reencontro com as antigas, mas também intensificado de vômitos, dores de cabeça, tosses e dores no peito, que não combinaram em nada com a imagem “cool” que parecia haver conseguido com o cigarro.
A inexperiência do novo fumante era tanta que foi capaz de ligar para o fabricante do produto pedindo instruções de uso! As instruções não foram fornecidas ao cliente, alegando o atendente que não as tinha.
Depois de praticar inúmeras vezes, o novo fumante parecia haver tomado gosto pelas sofridas tragadas de fumaça. Tom queria fumar com seus amigos fumantes, fumar com as pessoas nas esquinas, com a professora na escola em que lecionava, queria apreciar o cigarro após o sexo. Encerrou sua empreitada fumando no último dia 22 cigarros. Após a experiência maluca parou de fumar e passou seis dias em casa jogando videogame, incapacitado de pensar, escrever, de sair, com uma dor de cabeça interminável; engordou 5kg e passou a beber demais, sentia falta do cigarro e do impulso que acreditava que o cigarro lhe proporcionava. Segundo Tom, fumar tinha intensificado todas suas outras dependências ressaltando todas suas outras falhas.
FOLHA DE SP – Que conselho o sr. daria a quem pensa em começar a fumar?
CHIARELLA – É uma droga, vai afetá-lo como uma droga. Parece um acessório de moda, mas é uma droga. Se não toma outras drogas, por que essa?
Esse Tom Chiarella foi corajoso, pra não dizer inconsequente (vai que o vício domina o cara?)
É assim que sinto, dominado, e naõ tenho vergonha de admitir, sou um dependente dessa nháca de cigarro, mas, quero parar!
Segundo a experiência do Tom… o videogame ajudou… taí uma coisa que nunca experimentei. Acho que meu filho não vai gostar muito de dividir o game comigo…rs, mas ele vai entender!
Boa sorte a todos na luta pra se livrar dessa droga!
Abraço
Daniel
Este relato me fez lembrar do filme SUPER SIZE ME em que o cineasta e protaginista encarou a indigesta empreitada de fazer todas as refeições em uma conhecida rede de fast food,chegando ao final da empreitada muitos quilos mais gordo,taxas estratosféricas de colesterol,etc,etc.Este nosso amigo foi também como o cineasta,temerariamente corajoso…Mas será que devemos levar tão longe o nosso espírito científico?!
Espero que Tom consiga com igual rapidez tornar -se um ex fumante !
Dedicarei a ele minhas próximas orações….
Bia Albuquerque.
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