Se você é dessas pessoas, como eu, que foge da agitação e prefere ficar na santa paz, lendo um livro no ar condicionado, então esse post é pra você.
A Editora Elefante, parceira da ACT em várias publicações, tem títulos bem interessantes a respeito de direitos humanos e ambientais, alimentação, feminismo, racismo e outras questões atuais. Um bom exemplo é “A que custo?”, de Nicholas Freudenberg, que traz uma reflexão sobre os problemas gerados pelo capitalismo, a tecnologia e o poder político. Freudenberg é professor de saúde pública e trata das corporações do século XXI e a capacidade que elas têm de penetrar em tantos aspectos da vida cotidiana das pessoas, com alcance global e influenciando decisões, com tão poucas restrições. Nutricionismo, de Gyorgy Scrinis, é outro autor que vale a atenção. Ao fazer a fusão das palavras “nutrição” e “reducionismo”, ele entra na questão de se reduzir o ato de comer a uma simples ingestão de nutrientes. Já Marion Nestle, em Uma verdade indigesta, se dedica a compreender como empresas de alimentos, bebidas e suplementos financiam pesquisadores e profissionais de nutrição, e como isso se associa com o objetivo final do lucro.
Além de livros de reportagem que investigam cadeias produtivas e temas atuais, a Editora Elefante também tem diversos títulos de bell hooks e de Silvia Federici, autoras que questionam o machismo e a sociedade patriarcal e racista.
Para dicas mais focadas na área de direito e saúde, acabamos de apoiar a publicação de “Tributos Saudáveis – Diálogo entre direito, saúde e economia”, pela Thomson Reuters – Revista dos Tribunais. A obra, coordenada pela diretora jurídica da ACT, Adriana Carvalho, e pela tributarista e professora da Fundação Getúlio Vargas, Tathiane Piscitelli, trata da importância dos impostos mais altos sobre produtos nocivos à saúde e não essenciais à vida humana, em especial, tabaco, bebidas alcóolicas e alimentos ultraprocessados. Em artigos de profissionais de diversas áreas de conhecimento, a publicação mostra que é possível desestimular o consumo pela via da tributação e, assim, melhorar os indicadores de saúde, além de aumentar a arrecadação fiscal e o investimento em políticas de saúde.
Ainda na área legal, também está disponível “Publicidade infantil é ilegal no Brasil”, que faz uma análise da publicidade infantil no ordenamento jurídico brasileiro e reúne precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, em que reconhecem a abusividade da publicidade dirigida à infância. Um dos destaques é a parte do documento que trata da publicidade de alimentos ultraprocessados e o impacto na saúde das crianças. Esta publicação foi uma parceria entre a ACT, o Instituto Alana e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Idec.
Na área de ficção, há alguns títulos imperdíveis. Conceição Evaristo, por exemplo. Qualquer livro dela vale a pena. Aqui, destacamos Olhos d’água, publicado pela Editora Pallas, uma coletânea de 15 contos que foram originalmente publicados na série Cadernos Negros, ambientados nas ruas e em comunidades pobres das grandes cidades. Todos falam sobre mulheres negras ou sobre homens com vida e destino fortemente apoiados em mulheres.
Quem também merece todo reconhecimento é Carolina Maria de Jesus, e se você nunca leu nada dela, pode começar com o clássico Quarto de Despejo, lançado em 1960 pela Francisco Alves Editora. O livro é um diário da vida sofrida da autora, que narra seu dia-a-dia numa comunidade pobre de São Paulo como catadora de papel nas ruas.
Para fechar a lista, indico Enquanto os Dentes, de Carlos Eduardo Pereira, Editora Todavia. Este foi o primeiro romance de Carlos, que fez uma oficina de escrita criativa para nossa equipe este ano. No livro, ele narra o deslocamento de um homem negro e cadeirante que, depois do término de seu casamento com um outro homem, atravessa a cidade para voltar a morar na casa dos pais.
E você, qual a sua dica de um bom livro?