Proibição dos aditivos em cigarros faz 10 anos, mas ainda aguarda implementação

aditivos em cigarros

Março chegou e junto com ele veio o aniversário de dez anos da resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proibiu o uso de aditivos de sabor em cigarros e outros produtos de tabaco. Infelizmente, não temos o que comemorar, porque a norma nunca entrou em vigor. Diversos processos judiciais da indústria do tabaco – atualmente, são quase 50 – vêm adiando a medida até hoje. Saiba mais sobre o imbróglio judicial em artigos publicados recentemente nos portais Jota e Migalhas.

Em todo esse período, a ACT realizou diversas campanhas e produziu muitos materiais destacando a importância da proibição, já que os aditivos são usados principalmente para deixar os cigarros mais agradáveis e palatáveis – o que facilita a iniciação, especialmente por jovens. Confira abaixo uma linha do tempo com um compilado das ações feitas:

Campanha: Limite Tabaco

Campanha: Limite Tabaco

A campanha Limite Tabaco destacava as ações realizadas pela indústria para atrair jovens ao consumo – entre elas, o uso de aditivos de sabor em cigarros.

Campanha Cigarros e Balas, não!

Campanha Cigarros e Balas, não!

Com um anúncio que mostrava um cigarro camuflado em meio a balas e doces, como é feito pela indústria ao posicionar seus produtos próximos ao caixa em padarias e supermercados, a campanha pedia pela implementação da norma da Anvisa que proíbe os aditivos.

Vídeo produzido em 2015 destaca que 90% dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos e o uso de aditivos que conferem aroma e sabor aos cigarros é um dos fatores que contribui para essa iniciação precoce.

Em 2016, Verónica Hughes, filha do escritor Eduardo Galeano, fez um apelo ao Supremo Tribunal Federal pedindo o fim dos cigarros com sabor, a porta de entrada de muitos jovens ao vício do cigarro. Ela acabou falecendo de câncer de pulmão pouco depois.

Campanha Sabor que Mata

Campanha Sabor que Mata

Mais uma campanha que defendia a resolução da Anvisa foi lançada em 2017. Várias peças mostravam como a indústria tenta mascarar os malefícios de seus produtos com o uso de sabores.

O flashmob teve como objetivo alertar a população sobre a necessidade da proibição dos aditivos nos cigarros.

Relatório: Disponibilidade e Marketing em torno de Escolas Primárias e Secundárias em Cinco Países

Relatório da Johns Hopkins, elaborado em parceria com a ACT e outras organizações em 2017, mostrou que cigarros com sabor são frequentemente exibidos em pontos de venda próximos a escolas.

Em 2019, produzimos um vídeo que destaca a semelhança entre a história de João e Maria, enganados pela bruxa má com doces e guloseimas, e o uso de aditivos de sabor pela indústria do tabaco para atrair adolescentes ao consumo.

Apesar de muitos desses materiais já terem sido produzidos há algum tempo, eles se mantêm atuais, pois a indústria continua a usar os aditivos para atrair novos consumidores. Já se passou muito tempo, tempo demais, sem que a norma da Anvisa entrasse em vigor. Cada semana, mês e ano perdido significam mais jovens experimentando produtos de tabaco e se tornando consumidores regulares. Todos perdem com o uso de aditivos: as pessoas que consomem os cigarros, as famílias, o sistema de saúde e a economia. A indústria do tabaco é a única que ganha. Precisamos que a resolução da Anvisa seja aplicada imediatamente – e o aniversário de dez anos é uma oportunidade para que isso finalmente aconteça.

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