Embora outubro seja o mês em que nos unimos para conscientizar sobre o câncer de mama, o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, devemos falar sobre o tema o ano inteiro. Além dos fatores genéticos, o estilo de vida – o que inclui o consumo de álcool, mas também o tabagismo, a inatividade física e a ingestão de ultraprocessados – tem emergido como um componente potencialmente contribuinte para o desenvolvimento do câncer de mama.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) indicam que o consumo de álcool está associado a vários tipos de câncer, incluindo o de mama. Em 2020, foram registrados globalmente 740 mil casos de câncer relacionados ao álcool, resultando em 470 mil mortes. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que, somente em 2023, haverá 76.610 novos casos no Brasil. O álcool, presente em todas as bebidas alcoólicas, pode causar câncer por meio de danos ao DNA.
O mecanismo pelo qual o álcool contribui para o câncer de mama é complexo. O metabolismo do álcool gera acetaldeído, uma substância tóxica e carcinogênica que danifica o DNA, podendo levar à formação de células cancerígenas. Além disso, o consumo de álcool pode aumentar os níveis de estrogênio, hormônio associado ao crescimento de células mamárias e ao desenvolvimento do câncer de mama.
Segundo a OPAS, é o próprio álcool (etanol), componente presente em todas as bebidas alcoólicas, o responsável pelos riscos de desenvolver câncer. Portanto, cerveja, vinho e destilados, todos contendo etanol, podem causar câncer. O risco aumenta substancialmente à medida que se consome mais álcool, sendo as mulheres mais suscetíveis a cada dose ingerida. Dados alarmantes indicam que 2% dos casos de câncer entre mulheres e 2% das mortes por câncer em mulheres são atribuíveis ao consumo de álcool, com o câncer de mama sendo o mais comum nesse contexto.
O consumo de álcool representa um desafio relevante de saúde pública, dada sua ampla disseminação na sociedade. No Brasil, o Ministério da Saúde, a OPAS e organizações da Sociedade Civil, como a ACT Promoção da Saúde e a Vital Strategies, têm implementado estratégias para mitigar os riscos associados ao consumo de álcool, incluindo sua ligação com várias doenças, como o câncer de mama.
Diante dessa realidade, deve-se promover a educação sobre os efeitos prejudiciais do consumo de álcool, além de promover cruciais medidas regulatórias para que a indústria do álcool, tão forte no Brasil e no mundo, tenha freios e para que a saúde da população possa ser salvaguardada.
Essas políticas incluem estratégias de preços e impostos, restrições à publicidade, advertências sanitárias e redução da disponibilidade de álcool para promover ambientes saudáveis que incentivem escolhas saudáveis.