Casos de câncer ligados ao estilo de vida estão entre os que mais crescem no país

Mulher com lenço na cabeça, remetendo ao câncer, olha para um papel

Políticas públicas precisam ser direcionadas para prevenir casos de câncer ligados ao estilo de vida por meio do controle do consumo de tabaco, de bebidas alcoólicas e da alimentação baseada em ultraprocessados

São esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil, por ano, entre 2023 e 2025, e a maior parte deles deve acontecer nas regiões Sul e Sudeste. Os dados são da Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, publicação do Instituto Nacional de Câncer, que traz informações fundamentais para a definição de políticas públicas.

O tipo de câncer mais frequente no país é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), que tem baixa mortalidade, seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).

Em homens, o câncer de próstata é predominante em todas as regiões, totalizando 72 mil casos novos anuais. Nas regiões de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), os de cólon e reto ocupam a segunda ou a terceira posição. Nas regiões de menor IDH, o câncer de estômago é o segundo ou o terceiro mais frequente entre a população masculina. Entre as mulheres, o câncer de mama é o mais comum, com 74 mil casos novos previstos por ano até 2025. Nas regiões mais desenvolvidas, em seguida vem o câncer colorretal, mas, nas de menor IDH, o câncer do colo do útero ocupa essa posição.

Os tumores da cavidade oral, que também aparecem entre os principais em homens, chamaram a atenção, pois estão muito relacionados ao consumo de tabaco e álcool. Os pesquisadores também alertam sobre a prevalência do câncer colorretal, que ultrapassou o câncer de colo de útero entre as mulheres e o câncer de pulmão entre os homens e também é ligado ao estilo de vida, como inatividade física, consumo de álcool e obesidade.

Dois novos tipos de câncer foram incluídos nas estimativas deste ano: o de fígado, um dos 10 mais frequentes na região Norte, relacionado a infecções hepáticas e doenças hepáticas crônicas, e o de pâncreas, entre os 10 mais incidentes no Sul, novamente tendo como principais fatores de risco a obesidade e o tabagismo.

 

Políticas públicas para frear o consumo de produtos nocivos

Desde sua criação, a ACT acompanha com interesse as estimativas de câncer, e propõe políticas públicas que possam frear o crescimento das doenças crônicas não transmissíveis, das quais o câncer faz parte, ao lado das doenças cardiovasculares, respiratórias e diabetes”, diz Mônica Andreis, diretora-geral da ACT.  “Nossa preocupação é avançar nessas políticas e garantir ambientes mais saudáveis para que toda a população  possa fazer escolhas mais saudáveis”, completa.

Com base em nossa experiência, produzimos o documento Agenda Brasil + Saudável: políticas para prevenir doenças crônicas, que inclui também políticas públicas para promoção de atividade física e controle da poluição do ar, fatores de risco associados às DCNTs. A Agenda Brasil + Saudável foi entregue às candidaturas e fundações partidárias, com o intuito de estimular o Estado brasileiro a promover ambientes mais saudáveis para a população.

No caso do tabagismo, principal fator de risco para o câncer de pulmão e do trato respiratório, entre outros, vimos que medidas como aumento de impostos de cigarro para torná-los menos acessíveis, restrição da publicidade, propaganda e patrocínio e a proibição de fumar em lugares fechados são comprovadamente eficazes. Para o álcool, políticas tributárias e de marketing, como as recomendadas pela Organização PanAmericana de Saúde, deveriam ser adotadas.

Em relação à alimentação, a ACT e parceiros vêm construindo evidências incontestáveis sobre a eficácia dos tributos saudáveis, os riscos causados pelo consumo de ultraprocessados e como se dá a interferência da indústria de alimentos para frear políticas públicas.

 

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