A lista de evidências de que os vapes são extremamente prejudiciais para a saúde só cresce. O mais novo estudo sobre o assunto mostrou que os casos de câncer apareceram mais cedo em fumantes de cigarros eletrônicos do que de cigarros tradicionais – a média foi de 45 e 63 anos, respectivamente.
Além disso, o estudo avaliou que os usuários de cigarros eletrônicos têm uma chance 2,2 vezes maior de desenvolver um câncer do que as pessoas que não fumam – e essa diferença foi mais alta até do que a registrada para consumidores de cigarros tradicionais, que tiveram uma chance 1,96 vezes maior do que os não fumantes. Entre alguns tipos de câncer, especialmente cervical, de tireóide, de pele e leucemia, a prevalência entre usuários de cigarros eletrônicos foi significativamente maior do que entre os usuários da versão tradicional.
Os autores mencionaram que o fato dos cigarros eletrônicos terem sido promovidos como uma versão supostamente mais segura que os cigarros tradicionais contribuiu para o aumento exponencial na prevalência de usuários. Aqui também é preciso destacar que as estratégias de publicidade da indústria e o próprio design dos vapes tornaram esses produtos particularmente interessantes para adolescentes e jovens adultos – que nem teriam começado a consumir produtos de tabaco de outra forma.
Este estudo, portanto, se junta à crescente lista de evidências dos efeitos negativos dos cigarros eletrônicos para a saúde. Não é a primeira vez que a indústria do tabaco anuncia um novo produto como menos prejudicial (o mesmo já havia acontecido no caso dos cigarros “light”, por exemplo) e acaba sendo desmentida por estudos livres de conflito de interesses. Os vapes foram lançados sem que houvesse comprovação de sua segurança nem uma avaliação de seus efeitos a longo prazo. Por isso, é preciso que mais estudos continuem a ser feitos, sem interferência da indústria, para avaliarmos o real impacto desses produtos para a saúde dos usuários, como afirmam os autores do estudo:
“Os efeitos a longo prazo dos cigarros eletrônicos ainda não são conhecidos, já que eles são relativamente novos, em comparação com os cigarros tradicionais. (…) Os cigarros eletrônicos não devem ser considerados como uma alternativa segura ao consumo de cigarros tradicionais ou ao uso dual sem que haja evidências clínicas robustas sobre sua segurança.”