Todos pela amamentação. É proteção para a vida inteira. Este é o tema do Agosto
Dourado, período do ano trabalhado para aumentar a conscientização sobre o
aleitamento materno, com as celebrações do Dia Mundial da Amamentação, em primeiro de
agosto, e a Semana Mundial, até sete de agosto. Sempre alinhado aos Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável, o tema visa promover e incentivar a amamentação
até os dois anos de idade ou mais e, de forma exclusiva, nos seis primeiros meses de
vida.
A agenda é defendida por organizações e movimentos como a Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar(Ibfan) e Movimento Infância Livre de Consumismo
(Milc), com quem a ACT mantém parceria. A Ibfan, por exemplo, acumula décadas de
experiência na promoção e proteção da amamentação, mas também no trabalho em
rede fazendo monitoramento constante e denúncia das estratégias de marketing das
empresas que produzem fórmulas infantis para lactantes e de seguimento para
primeira infância, incluindo os compostos lácteos, junto aos órgãos responsáveis pela
fiscalização da legislação.
Em 2020, reportagem de O Joio e O Trigo mostrou a pressão da indústria para
substituir o leite materno, com incentivo de profissionais de saúde e passando por
cima da legislação. Na matéria, os jornalistas fizeram uma pesquisa com mais de 600
mães e viram que quase 75% receberam a recomendação médica de usar fórmula
infantil e 42% declararam ter usado o produto antes da criança completar seis meses.
Nestlé e Danone estão à frente das marcas mais usadas, seguidas pela Mead
Johnson e Abbott.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) participa das celebrações do Agosto
Dourado e reforça que o sucesso da amamentação não é responsabilidade exclusiva
da mãe, e sim de toda a sociedade: comunidades, empregadores, famílias, governos,
profissionais de saúde e meios de comunicação. Para a representante da Opas,
Socorro Gross, “somente dessa maneira vamos ter gerações mais fortes, mais
inteligentes, com mais resiliência, menos obesidade”.
Cabe destacar que o Brasil tem ações importantes nesta área, como o Guia Alimentar
para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, publicação do Ministério da Saúde
alinhado ao Guia Alimentar, publicado em 2014. De acordo com a apresentação do
documento, apesar da prática da amamentação ter aumentado no Brasil, sua duração
ainda é menor do que a recomendada. Duas em cada três crianças menores de seis
meses já recebem outro tipo de leite, sobretudo leite de vaca, frequentemente
acrescido de alguma farinha e açúcar, e somente uma em cada três crianças continua
recebendo leite materno até os dois anos de idade. O desmame precoce e a
alimentação de baixa qualidade e pouco variada ocasionam diferentes formas de má
nutrição, prejudicando o desenvolvimento infantil.
Amamentação e a Covid-19
A Opas e a Organização Mundial da Saúde também esclarecem que o aleitamento
materno deve ser mantido inclusive caso haja suspeita ou confirmação de infecção da
mãe por Covid-19. Um estudo publicado pelo jornal The Lancet já mostrou que os
benefícios da amamentação e o contato da pele da mãe e do bebê após o nascimento
superam de 65 a 630 vezes qualquer risco de morte que o coronavírus possa
representar para o bebê. Para aumentar a segurança, é necessário garantir que a mãe
higienize suas mãos e mantenha o uso de máscaras.