O controle da Covid-19 também pode vir com a redução do consumo de tabaco

redução de consumo de tabaco

Um dos maiores impactos de uma infecção grave de Covid-19 é no sistema respiratório. Esse fato chamou atenção de milhares de usuários de tabaco que ficaram mais atentos com a própria saúde desde o ano passado a querer largar o cigarro. É uma preocupação a mais também para as autoridades de saúde, visto que os custos do tabagismo são muito altos. 

No Brasil, por exemplo, estudo feito pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), Fiocruz e Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria, em 2015, foi atualizado para a inflação de 2020 e chegou ao valor absurdo de R$50 bilhões anuais gastos com tratamento e hospitalizações por doenças causadas pelo fumo, e R$ 42 bilhões, com perda da produtividade no trabalho. Não, você não está lendo errado: são pelo menos R$92 bilhões anuais com os malefícios do fumo à saúde.

Sabemos dos desafios de abandonar essa dependência da nicotina, ainda mais diante do estresse do isolamento, da ameaça sanitária e da crise econômica. Mas é possível ter mais qualidade de vida, ainda mais se essas pessoas tiverem ferramentas apropriadas – o que, infelizmente, é realidade para apenas 30% das cerca de 780 milhões de pessoas que afirmam querer parar de fumar. 

Comprometa-se a parar

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reúne esforços para ajudar esses usuários nas mobilizações do Dia Mundial Sem Tabaco de 2021, cuja data oficial para mobilização é 31 de maio. A campanha “Comprometa-se a parar de fumar durante a Covid-19” presta apoio a, pelo menos, 100 milhões de pessoas, por meio de comunidades digitais de fumantes. 

O desafio é oferecido pelo WhatsApp, onde os participantes podem construir ambientes mais saudáveis, com informações atualizadas e recursos para mudar o hábito nocivo. 

A campanha foi lançada em dezembro do ano passado com foco nos 22 países onde os índices de tabagismo são preocupantes – entre os quais, o Brasil –, e continua até o fim do ano.

Por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a OMS  também disponibiliza vagas gratuitas para brasileiros no método conhecido como Allen Carr’s Easyway. O programa feito em seminários virtuais é clinicamente comprovado e se concentra em abordar a parte psicológica da dependência do tabaco sem a necessidade de terapia de reposição de nicotina. 

Segundo Diogo Alves, a OPAS/OMS aproveitou o gancho da maior procura pela cessação do fumo durante a pandemia para investir em serviços que dão suporte a essas iniciativas. “Não há melhor momento para parar do que agora. Parar de fumar é, além de um ato saudável, um ato de amor, para proteger a saúde de todos, inclusive daqueles que mais amamos”, afirma.

Para solicitar um voucher de participação, basta enviar um email para alvesdio@paho.org com seu nome completo e a manifestação de seu interesse (as vagas são limitadas).

E quando a tecnologia atrapalha?

Se há ações no meio digital que ajudam, muitas ações tecnológicas fazem o contrário: dão cara de novidade para ajudar fumantes que querem largar o hábito, mas acabam cumprindo o oposto do prometido, como é o caso dos cigarros eletrônicos, vaporizadores, produtos de tabaco aquecido e outros dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs). Eles também prejudicam a saúde, viciam e até causam morte. Afinal, além de substâncias tóxicos, muitos deles também têm nicotina, a responsável pela dependência química.

Em vários países em que o uso desses produtos foi legalizado, observou-se que eles se tornaram mais atrativos para jovens começarem a consumir o tabaco. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma pesquisa feita pelo Centers for Disease Control and Prevention apontou que o número de estudantes de ensino fundamental e médio que usam cigarros eletrônicos aumentou em 1,8 milhão em apenas um ano (Passou de 3,6 milhões para 5,4 milhões de usuários entre 2018 e 2019). Pouco menos de um terço dos estudantes de ensino médio do país utilizam o produto.

A ACT tem uma campanha que alerta para esses problemas, lançada ano passado, e estamos preparando uma nova fase, que será apresentada em 27 de maio, às vésperas do Dia Mundial, junto com parceiros como a Associação Médica Brasileira e a Fundação do Câncer. Aguarde as novidades!

Tabaco e riscos de Covid-19

O Instituto Nacional do Câncer alerta que tabagistas estão mais expostos a ter sintomas graves de Covid-19 e até risco de morte por já terem seu sistema respiratório prejudicado pelo fumo. Além disso, o fumante pode contrair o vírus caso leve as mãos não higienizadas à boca para fumar. 

Produtos como narguilé têm riscos adicionais: os usuários geralmente compartilham a piteira, o que contribui para a transmissão de doenças infecciosas, como a Covid-19.

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