Cigarro eletrônico aumenta risco de fumante experimentar o convencional

Cigarro eletrônico aumenta risco de fumante experimentar o convencional

Uma pesquisa organizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que o cigarro eletrônico pode ser porta de entrada para outros produtos derivados do tabaco, especialmente entre adolescentes e jovens adultos. 

O estudo foi apresentado em cerimônia do Inca em conjunto com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Dia Mundial Sem Tabaco e mostrou que o uso de cigarros eletrônicos aumentou em quase três vezes e meia o risco de o indivíduo experimentar o convencional, e em mais de quatro o risco de passar a utilizá-lo posteriormente.

Os resultados foram publicados na revista Ciência e Saúde Coletiva e foram levantados com base em uma revisão sistemática de 25 estudos desenvolvidos em vários países para avaliar a relação entre o uso desses produtos e a iniciação ao tabagismo. Desses, 22 avaliaram a experimentação do cigarro convencional e outros 9 analisaram o tabagismo como desfecho ao uso dos eletrônicos. 

Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs)– como cigarro eletrônico, de tabaco aquecido, vaporizadores, pods e outros – funcionam com uma bateria e o tabaco é inalado por um aerosol, que normalmente contém nicotina, aromatizantes, aditivos de sabor e outros produtos químicos. Eles podem parecer um cigarro comum, um charuto, um cachimbo ou até canetas e pen drives. 

A pesquisa alerta que o usuário fica exposto a uma série de  produtos químicos, como nanopartículas de metal e aqueles gerados no aquecimento ou vaporização. Alguns deles, são substâncias tóxicas, que podem causar câncer e doenças pulmonares ou cardiovasculares. 

Ameaça ao controle de tabaco 

A coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca, Liz Almeida, alerta que a liberação desses dispositivos, cuja comercialização é atualmente proibida no país, ameaçaria as políticas de saúde pública. “Isso mostra que o cigarro eletrônico oferece um grande risco de facilitar a iniciação do cigarro convencional entre aqueles que nunca fumaram, contribuindo para a desaceleração da queda no número de fumantes no Brasil”, diz.

Mesmo com a proibição desde 2009 no Brasil, já existem evidências de que esses produtos são comercializados ilegalmente pela internet, por comércio informal ou comprados no exterior para uso pessoal.

Apesar da queda de 6,3% para 5,4% no uso habitual de cigarro entre 2009 e 2015 (Pesquisa Nacional de Saúde), 19% dos estudantes entre 13 a 15 anos experimentaram cigarro, assim como 29% daqueles com idade entre 16 e 17 anos. Entre este último grupo, 10% experimentaram cigarros antes dos 14 anos de idade e aproximadamente 8% consumiram cigarros pelo menos uma vez nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa. 

Novos produtos, velhos produtos

Alertando sobre esses riscos, a ACT colocou no ar desde o final de maio a segunda fase da campanha #VapeVicia,  realizada em conjunto com a Associação Médica Brasileira e a Fundação do Câncer. Os fabricantes pressionam a Agência Nacional de Vigilância Sanitária a liberar os produtos, alegando que teriam menos prejuízo à saúde e ajudariam quem quer parar de fumar. Mas nada mais são do que produtos que juntam o vício da tecnologia a um velho hábito.

Compartilhe a campanha e pressione a Anvisa para manter a proibição:  http://bit.ly/VapeViciaBlog

Ações para controle tabaco

O Inca, que coordena a políticas de controle do tabagismo no Brasil, também publicou uma nota técnica apresentando as ações desenvolvidas para a data no Brasil, um dos países no foco da campanha da OMS de 2021, cujo tema é Comprometa-se a parar durante a pandemia da Covid-19.

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