Fumicultura: um ciclo eternamente crítico

Folhas de tabaco

É difícil apontar quando a situação dos agricultores que cultivam tabaco no Brasil começou a ficar crítica na safra 2019/2020.

No ano passado, enfrentaram um longo período de estiagem, que impactou na produtividade e na expectativa de rentabilidade da sua produção. Além disso, no momento de fecharem o preço, o que ocorre até dezembro, não houve acordo entre as empresas beneficiadoras e exportadoras e os agricultores. Geralmente, não há, a indústria estabelece preço diferente e tal fato fere os direitos dos agricultores garantidos pelo Sistema Integrado de Produção.

Logo em seguida, foi cancelada a vinda de chineses para comprar o tabaco brasileiro, em virtude da adoção do plano de enfrentamento ao coronavírus naquele país. Posteriormente, medidas de contenção da Covid-19 foram estabelecidas pelas autoridades sanitárias brasileiras, resultando em suspensão de atividades não essenciais, o que em muitos municípios impactou a vida das famílias que cultivam fumo, pois deixaram de receber visita dos técnicos das fumageiras e suspenderam a comercialização do fumo.

Assim, em meio ao caos de saúde pública e na eminência da crise, a imprensa registrou a retomada das atividades de compra do tabaco após mobilização da Associação de Fumicultores do Brasil, e também uma matéria de jornalismo investigativo identificou que a Philip Morris Brasil se organizou para aumentar a produção de cigarros na sua sede no Rio Grande do Sul, para atender à demanda em tempo de pandemia.

Destaca-se que fumar é fator associado ao agravamento clínico, aumentando o risco de morte, quando o tabagista está infectado pelo coronavírus. Ou seja, um total descaso da empresa com a saúde das pessoas e com o sistema de saúde do país.

Nós comentamos brevemente essa situação na versão de junho da revista científica Tobacco Control, e destacamos que a atual crise evidenciou um problema grave que existe no país: a vulnerabilidade de mais de 150 mil famílias diante das empresas de tabaco. Por isso, é urgente o fortalecimento do Programa Nacional de Diversificação em Áreas Cultivadas com Tabaco, que tem sido enfraquecido ao longo dos últimos anos.

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