A influência da publicidade de alimentos ultraprocessados

Hambúrgueres semelhantes aos do Mc Donald's, patrocinador de uma das festas do Big Brother, misturados com batata frita, hot dog, pizza e cebolas empanadas

A publicidade de alimentos não saudáveis está em todo lugar e, principalmente, onde há mais audiência. Não é à toa que grandes marcas de ultraprocessados, fast-food e bebidas alcoólicas resolvem desembolsar uma quantia milionária para entrar no patrocínio do Big Brother Brasil. 

O sucesso do programa valorizou ainda mais o preço das cotas de patrocínio para estampar sua marca no BBB, podendo chegar à quantia de R$ 78 milhões. Mas esse investimento rende aos anunciantes de produtos alimentícios que fazem mal à saúde um impacto avassalador no público que acompanha o reality.

A edição deste ano é recorde de audiência não só no horário nobre da televisão, mas também na geração de conversas sobre o tema na internet. A hashtag #BBB21 chegou a ser a mais citada no mundo durante a primeira semana do programa. O tema já se tornou o assunto mais comentado do Twitter desbancando política, Covid e k-pop. 

Uma das marcas que alinhou sua estratégia de comunicação ao programa integrando como o digital foi o Mc Donald’s. Uma das ações da marca dentro do BBB aconteceu no último fim de semana, entre os dias 13 e 14 de março.

No sábado, eles patrocinaram a festa do Big Brother, que tinha como tema “Festa do Pijama” e ainda ofereceram desconto no delivery em parceria com o iFood, como anunciado ao vivo no programa. Em questão de minutos o Mc Donald’s já estava entre os assuntos mais comentados do Twitter, assim como seus produtos, que foram servidos aos participantes do reality naquela noite, conquistando seis das dez posições do ranking.

Como se isso não bastasse, eles também fizeram o envio de alguns “recebidos” para alguns influenciadores populares da plataforma que acompanham e comentam sobre o Big Brother diariamente. Entre mimos, estavam alguns produtos relacionados ao tema da festa e um par de meias, que foi um brinde limitado oferecido apenas via delivery para o público em geral no dia seguinte.

Outra estratégia fundamental para manter as conversas sobre a marca no digital e promover a venda da Méqui Box, uma caixa com vários lanches, foi o patrocínio da hashtag #MéquiNoSofá. Estes produtos têm seu consumo estimulado, e já são abundantes as evidências de que fazem mal à saúde e levam à obesidade, que por sua vez  está relacionada a doenças cardiovasculares, diabetes e câncer, por exemplo.

Além de divulgar a hashtag ao vivo no programa, a marca também promoveu o tópico entre os Assuntos do Momento durante 24h. Nesta modalidade de anúncio do Twitter, o termo fica em destaque nos Trending Topics começando a meia noite, pouco depois do ao vivo de sábado, e encerrando às 23:59 de domingo, durante o horário da edição de domingo do BBB, que mostrou mais trechos da festa com cenas felizes dos participantes consumindo seu cardápio de produtos ricos em sódio e açúcar, associando o consumo da marca à alegria, descontração e coletividade.

Todas essas estratégias de marketing são alinhadas para despertar no público o desejo de consumir os produtos e fazer parte daquele “clube exclusivo” de pessoas, que como os influenciadores e os participantes do reality, têm um brinde exclusivo.

O valor investido por essas marcas para entrar na cabeça da audiência é bem alto, mas gera um impacto avassalador na sociedade: tanto para atingirem o público em diversos espaços e com alta frequência estimular essa ânsia de consumo de alimentos não saudáveis, quanto para contribuir com o crescimento dos índices de obesidade e doenças crônicas na população brasileira.

É por isso que precisamos de políticas públicas de restrição do marketing da indústria de alimentos ultraprocessados, tributação de bebidas adoçadas, rotulagem de advertência de alimentos não saudáveis e outras medidas que estimulem ambientes saudáveis para promover escolhas saudáveis.

Para saber mais sobre as estratégias das indústrias de produtos não saudáveis através do BBB e outros casos, confira a edição de março do Boletim de Monitoramento da ACT aqui.

1 comentário em “A influência da publicidade de alimentos ultraprocessados”

  1. Ótimo texto! Custa caro para as marcas convencerem as pessoas a comer comida-porcaria e custa caro para a sociedade tratar as doenças decorrentes desse consumo.

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