Narguilé

Não se deixe levar: o narguilé é uma moda perigosa. Fumar narguilé é fumar tabaco, e uma sessão pode equivaler a mais de 100 cigarros.

21 comentários em “Narguilé”

  1. Mais uma manipulação demagógica, como é característico de toda a campanha de saúde pública voltada para a mudança de hábitos individuais, e particularmente a anti-tabagista. Fumar Narguilé não equivale a fumar 200 cigarros, pois boa parte das substâncias, inclusive a nicotina, fica na água – essa justamente a função do apetrecho. Particularmente, não gosto de narguilé, não gosto do tipo de fumo, não se sente o cheiro do tabaco, mas da essência aromática. Escrevo isso apenas porque estou cansado de tanta mentira e manipulação. Não trabalho em tabacarias, nem companhias fumageiras. Aprecio a arte milenar e refinada de produzir, curar e fermentar tabacos, muito distante dos horrorosos cigarros de papel. No entanto, os tabacos refinados são os que mais tem sofrido o impacto das campanhas anti-tabagistas. Sou a favor de campanhas informativas, mas isso de “anti-propaganda”, estou fora, pois abre um precedente perigoso de manipulação da opinião pública, e cheira a fascismo. Aliás, já pararam para pensar o que quer dizer o slogan “não existe forma segura de consumo de tabaco”? – muito pouco, não?

  2. Olá Alexandre,
    Lamento que vc entenda que a “manipulação demagógica” está na campanha de saúde pública e não nas campanhas de marketing dos produtos de tabaco, mas cada um tem sua opinião. Em relação à sua crítica ao artigo citado e publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia, de onde vem esta informação de que “boa parte das substâncias, inclusive a nicotina, fica na água” ao se fumar o narguilé?
    Abs Mônica

  3. Cara Mônica,
    Não creio que um mal justifique o outro; as campanhas publicitárias de drogas lícitas devem ser, creio, suprimidas, e não combatidas com propaganda do lado contrário. Estas terão, necessariamente, o mesmo pressuposto daquelas, isto é, o convencimento mediante mobilização das paixões. O que entristece é que tal publicidade se dissimula em informação científica, e muitas vezes, segundo penso, dissimula seus próprios motivos. Fingem, por exemplo, querer evitar que se causem males a terceiros, não fumantes, mas o que está em questão, segundo me parece, é criar um ambiente social desfavorável ao tabagismo.
    No caso da matéria em questão, o pesquisador, tanto quanto a matéria permite saber, compara o tempo de consumo de um cigarro com o tempo médio de consumo do tabaco em um narguilé. Essa a sua medida – um cigarro se consome em 5 minutos, o tabaco do narguilé, em 2 horas. Ocorre que parte das substâncias fica na água. De onde tenho essa informação? Da água do narguilé, que fica escura, e da sensação ao fumar através do narguilé – a fumaça é muito leve, Isso traz evidência de que ao menos parte das substâncias ficam na água – não vou dizer “boa parte”, para ser rigoroso. Se parte fica na água, então já não é possível comparar simplesmente o tempo de consumo. “Ñão é evidência científica”, dirão. É tão pouco científica quanto atribuir causalidade a correlação – e, no entanto, é perfeitamente aceitável, pelo bom senso, que uma correlação forte “evidencie” causalidade. Tal é a natureza da tese segundo a qual o fumo é carcinogênico, tese que considero, como todos, razoável.
    Volto a afirmar: a campanha anti-tabagista é mais um meio da nova onda de controle social dos hábitos e costumes individuais que se iniciou em meados dos anos oitenta, sob a égide da campanha anti-tabagista, e que se fundamenta no argumento de que nada é individual, tudo é coletivo, o que justifica virtualmente toda sorte de controle, inclusive legal, sobre os hábitos e costumes individuais.
    Abs,
    Alexandre

  4. Olá, Mônica. Não encontro aqui minha resposta anterior a você. Espero que não seja censura. Espero que não vetem este artigo também.
    Pois bem, fui ao artigo original do Dr. Viegas, no Jornal Brasileiro de Pneumologia. Trata-se de um “artigo de revisão”, isto é, um survey, uma síntese do que a literatura recente diz a respeito de certo tema, no caso, o consumo de tabacos artesanais. Na verdade, é menos do que um survey. Trata-se de artigo de propaganda, cheio de desconchavos e contradições patentes, além de erros crassos de citação. De fato, artigos sobre o tabagismo têm sido um recurso fácil para engordar os currículos lattes dos pesquisadores – o artiguinho chinfrim e mal-feito é o terceiro mais recente do currículo lattes do Dr. Carlos Alberto de Assis Viegas. Ademais, quatro páginas pouco trabalhosas e repetindo artigos já repisados para os padrões científicos (o artigo mais recente sobre narguilé, Neergaard J, Singh P, Job J, Montgomery S. Waterpipe smoking and nicotine exposure: a review of the current evidence, é de outubro de 2007, e o artigo do Dr. Viegas saiu apenas em novembro de 2009) renderam-lhe citações em vários noticiosos – aliás, o Dr. Viegas é laureado por ser “amigo da imprensa” – vide currículo lattes.
    Vou deter-me apenas no ponto do narguilé, embora todo o artigo seja pleno de contradições e dados mal fundamentados. Neste tópico mesmo, ele é cheio de pontos obscuros. Mas, como não tenho muito tempo, vou me deter em um só, o mais grosseiro. A certa altura do artigo, lê-se: “Os fumantes de um cigarro habitualmente inalam (…) de 0,5-0,6 L de fumaça por cigarro”. Mais abaixo, “Por outro lado, [n]uma sessão de narguilé habitualmente (…) o fumante inala (…) de 0,5-1,0 L de fumaça. Desta forma, o fumante de narguilé deve inalar, em uma sessão, a mesma quantidade de fumaça que um fumante de cigarros inalaria se consumisse 100 ou mais cigarros.” Ora, vamos atentar para este dado. Um cigarro equivale a 0,5-0,6L de fumaça. Uma sessão de narguilé equivale a 0,5-1,0L. Logo, se não estou muito ruim de cálculos, segundo os próprios dados do Dr. Viegas, uma sessão de narguilé equivale 1 – 1,7 cigarros, e não “100 ou mais cigarros” (dado sensacionalista e marqueteiro). Ora, o artigo mais recente citado pelo doutor, mencionado acima, afirma, em seu abstract, que o uso diário de narguilé produz uma taxa de absorção de nicotina equivalente a 10 cigarros. Já uma sessão produz absorção equivalente a dois cigarros. Isso apenas da nicotina, porque os restantes componentes químicos da fumaça não são analisados pelo artigo. Lê-se que há metais pesados e outros demônios na sua fumaça, mas, se você prestar atenção, eles se encontram em análise da “corrente primária de fumaça”, isto é, em seu teor antes da filtragem pela água. Ao contrário, aliás, do que divulga o artiguinho da Agência Clica, nem o doutor afirma que “a água não influi e não filtra nada” (expressão sensacionalista marqueteira). O que o doutor afirma, repetindo o artigo mencionado, é que a água filtra apenas 5% da nicotina.
    Ufa! É isso, Mônica. Fique atenta.
    Na próxima correspondência, dedicar-me-ei ao Dr. Dráuzio Varella, campeão da demagogia marqueteira.
    Um forte abraço,
    Alexandre
    (alemaral@estadao.com.br)

  5. Manipulação de opinião pública??? Ou seja:

    “QUESTÃO DE BOM SENSO” “O SUCESSO!” “UM RARO PRAZER”

    Talvez seja essa a campanha informativa ideal, não? Boa parte da minha família, pai, tios e alguns primos acreditaram nesse tipo de campanha – que, segundo o Alexandre, deve ser esse o exemplo de campanha anti-facista – e perderam a vida por cancer de pulmão e enfisema pulmonar. E o pior é o que está no final do comentário, e nos convida a uma reflexão: “não existe forma segura de consumo de tabaco”? Pois bem, reflitam então. Existe???

  6. Oi Alexandre,
    Fique tranquilo, seu comentário só não entrou direto porque todos passam por aprovação, para evitar spam ou pura baixaria, que ainda bem não temos encontrado entre os leitores do blog. Bem, independente de sua crítica ao artigo do Dr. Viegas, vou apenas destacar um ponto de seu texto que merece reflexão: em diversos momentos vc se refere a campanhas anti-tabagistas. Sei que este termo às vezes aparece por aí, mas aqui na ACT é consenso de que jamais fazemos campanhas anti-tabagistas, mas anti-tabagismo. Esta não é uma declaração marqueteira, mas não sei se vc vai acreditar, pois parece já ter formado uma imagem bem ruinzinha de quem trabalha nesta área…se quiser de fato conhecer nosso trabalho será ótimo.
    Abs Mônica

  7. De fato, Mônica, não tenho boa opinião de movimentos como os anti-tabagistas, contra a obesidade, pelo sexo monogâmico (há de surgir, e em breve); e acho, ademais, muito temerários slogans como “Law for Health” (q.v. MPOWER, World Health Organisation, 2009). A existência de legislação e órgãos de fiscalização que visem proteger as pessoas da exposição abusiva ao que lhes possa prejudicar a saúde sem o seu consentimento, é algo contra o que não podemos nos contrapor. A ANVISA, por exemplo, cumpre essa função. Mas a atual idéia de “law for health” parece ter como um pressuposto que os indivíduos, mesmo quando conhecedores dos males a que se submetem, não são capazes de decidir, pois o poder econômico usa de ardis para burlar sua consciência. Por isso, segundo me parece, há aspectos que traem nessa concepção uma certa idéia de “colocar as pessoas na linha”. E as pesquisas feitas pelos engajados seguem essa linha. Veja-se por exemplo o que tem havido com relação à obesidade. Pesquisa que fez estardalhaço nos EUA, divulgada no Brasil (soube dela pelo rádio, mas não tenho agora a fonte – se quiserem, peçam-me que a procurarei), procura demonstrar que a presença de um obeso no ambiente de trabalho, no círculo de amizades ou na família, leva certo número de colegas, amigos e familiares a desenvolver a obesidade também. Ora, pesquisas como essa têm o claro intuito de gerar um ambiente social desfavorável ao obeso, bem como abrir uma brecha para possíveis medidas de lei, já que a “ciência” mostrou que ser obeso não é problema de quem o é, mas algo que causa danos a outrem. Essa espécie de pequena ideologia confere a Estados, governos e organismos nacionais ou internacionais um poderoso instrumento de controle social e dos indivíduos. E essas coisas viram pontos pacíficos, absoluto consenso, intocáveis. Não se pode falar nada contra sem despertar a cólera dos interlocutores. Poxa, onde foram parar os médicos sanitaristas?
    Bem, afora isso, quero pedir desculpas pelo modo agressivo como me referi às pessoas mencionadas na carta de 11 de fevereiro, às 16hs e 13 min. Na verdade, tive sérias alterações de humor nos dias 10, 11 e 12 de fevereiro, em virtude de medicação que me havia sido prescrita. A essas pessoas, peço desculpas.
    Um abraço,
    Alexandre

  8. Caro Claudio,
    Os slogas que você mencionou não são informativos, mas publicitários. A publicidade dessa espécie de produto deve ser, a meu ver, banida, e contra-atacada por informação, não outra espécie de publicidade. Mas isso, para mim, é apenas assim como uma orientação, e não algo a ser tomado ao pé-da-letra. Não me oponho, por exemplo, às fotos grotescas nos maços.
    No mais, lamento pela morte de seus parentes, mas acho que as leis devem ser feitas, tanto quanto possível, de modo impessoal, assim como as informações e pesquisas científicas.
    Quanto à forma segura de consumo do tabaco, creio que forma 100% segura não há. Nada na vida é 100% seguro. Mas no anti-tabagismo a expressão “não há forma segura de consumo destas substâncias”, ou “do tabaco”, interpreta-se como “os danos à saúde são igualmente prováveis, não importa como e quanto se consuma disso”, o que não me parece verdadeiro. Creio que fumar um charuto esporadicamente seja um risco bastante aceitável, assim como comer uma carne com gordura ou uma travessa de batatas fritas. Mas essa é minha opinião, não é ciência.
    Um abraço,
    Alexandre

  9. Intaum gente . Narguilê faz mais mal pra saude do q cigarro ? .
    Tipo. nao kero ficar fumando 1 hora. soh uns 5 minutos.

    Faz muito mal pra saude ?

    Valeu !

  10. o sr. alexandre deve optar por uma das abaixo:

    a) usa tabaco
    b) é pago pela industria fumageira
    c) é mal trepado

    só assim explica sua ira.

  11. Pedro e Antônio,

    A ira que mostrei pode se dever a várias coisas, uma delas é que somos cada vez mais vítimas de um poder arbitrário de instituições médicas. Esse poder tende a aumentar junto com os interesses das várias instituições (fundações, ONGs, etc.) voltadas para a promoção de mudanças ou restrições de condutas individuais em prol da saúde pública. Julga-se que os interesses estejam apenas de um dos lados da questão, e não se vê que o outro também os têm. O cidadão médio julga que é melhor optar pelo que seja menos prejudicial aos seus filhos e entes queridos. Outros, mais céticos, não querem ser manipulados nem por um lado, nem por outro.
    Quanto às hipóteses que você arrolou, Pedro, a última delas, é vil, pusilânime e rasteira. Quanto aos demais, eu lhe respondo: Sim, eu uso tabaco, sou fumante de cachimbo; não, não sou pago pela indústria fumageira.

  12. Aos supostos garotos acima, Bruno e Igor,
    Se a mensagem de vocês é verdadeira, digo isto: se forem menores de idade, não fumem, é ilegal; se forem maiores, primeiro, procurem melhorar a mentalidade, ela parece infantilizada; segundo, se estão em dúvida, não fumem – deveriam saber que bem não lhes fará. Se são adultos e precisam de dados impressionantes para se conter, então são do tipo que quer ser enganado, que precisa de uma autoridade moral externa sobre si, ao mesmo tempo vítimas fáceis e promotores de toda sorte de autoritarismo.
    Mas desconfio que a idéia da mensagem é provocar uma espécie de culpa neste que escreve. Querem dizer que, ao contestar exageros, promovo o vício em inocentes. Ou provocar uma reação do tipo que os religiosos fanáticos têm quando ouvem um adulto instruído instigando em jovens uma reflexão laica sobre os dogmas em que acreditam – esses fanáticos vêm e gritam, desesperados, “não ouçam isso, não ouçam isso que ele está falando!”. Essa manipulação não merece comentário. Quanto à primeira objeção, respondo com uma pergunta: onde estão esses jovens inocentes que precisam de sensacionalismos incontestes para não se desencaminharem? Certamente não são vocês, que escreveram com malícia. Quem são esses inocentes? São os outros, pobres coitados, vítimas fáceis de todos os perigos que os espreitam? Por que vocês supõem que os outros são mais inocentes do que vocês? Sabe o que é isso? Prepotência. A pretexto de proteger supostos pobres coitados, envaidecem-se com o que imaginam ser uma superioridade de vocês.
    Não, não me sinto culpado por não querer viver num mar se sensacionalismo terrorista que se apresenta sob o pretexto de proteger os outros, e que pretende gerar legislação restritiva às condutas individuais com a justificativa de que isso seria para o meu próprio bem. De um dos lados, isso se chama manipulação; de outro, poder indevido.

  13. Agora me parece muito claro: os garotos Bruno e Igor, acima, são na verdade um e o mesmo adulto. Notem que há um certo hiper-realismo na coisa toda. Os nomes, tão típicos, as figurinhas, um modo meio débil mental de pensar e se expressar. Não conheço garotos que freqüentem blogs de notícias e campanhas que sejam tão fracos da mentalidade. É um estereótipo, uma caricatura. Seu argumento é: vejam, os jovens são tão tolos que precisamos enganá-los para o bem, se não quisermos que os tubarões os comam.
    Trata-se, portanto, de coisa forjada. Que um adulto mediano aja dessa maneira, é natural. O triste é que profissionais e instituições com autoridade e legitimidade para ter o crédito do público venham atuando massivamente segundo o mesmo princípio.
    A campear livremente esse tipo de raciocínio, antevejo uma triste situação: viveremos numa sociedade plena de leis reguladoras das condutas pessoais, para que nossos filhos sejam mais saudáveis, visto que o apelo do mundo é forte demais para a pobre educação que proporcionamos no lar; e mesmo assim, continuarão a graçar os crimes, as drogas ou sei lá que outros perigos que rondam nossos lares.

  14. O Narguilé tem nicotina suficiente para criar dependência, mas, por estar menos concentrada, reduz as náuseas e permite que o consumidor consiga ficar mais tempo exposto às substâncias cancerígenas do tabaco e a gases perigosos, como o monóxido de carbono. Além disso, esses cachimbos de água geralmente são compartilhados com desconhecidos, o que aumenta o risco de se contrair outras doenças como herpes, hepatite ou até tuberculose.

  15. Na verdade narguile não tem alcatrão já começa daí, é zero, tem 0,05 % de nicotina diferente de um único cigarro que tem 0,5 de nicotina, de fato, Mas já existem fumos que possuem 0% de nicotina.. Sim é verdade que narguila faz mal, mas se agente for nesse ponto que tal dizer para as mulheres pararem de usar batom porque tem chumbo por exemplo, ou pra todos pararem de beber que por sinal mata acredite ou não muito mais que cigarro ou narguile. Na boa, de todos os males dessa vida a narguila é o menor deles.. E sem falar que há pessoas que usam narguile pra deixar de fumar(isso mesmo). Detalhe sou prova de que não vicia, eu só uso em confraternizações o que não ocorre mais tanto quanto antigamente. Conheço desde os meus 18 anos e na verdade vim parando de usar cada vez mais, então essa de que vicia é meio batida. Mas gosto de vez em quando dar uma narguilada com saborzinho de chocomenta.(Me baseando em algumas coisas que esses sites falam uma das conclusões que cheguei)30-40mg de nicotina = MORTE 1 cigarro = 1 mg de nicotina = 30% absorvido = 0,3 mg de nicotina absorvida 100 cigarros = 100 X 0,3 = 30 mg de nicotina = Morte Assim quem fumar 2 horas de narguile deveria estar “Morto”. Qual a taxa de mortalidade por causa de narguile mesmo?! e por cigarro?! ah tá.

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