A matemática do absurdo

Esta matéria é antiga, mas vale a pena relembrá-la. Foi publicada na revista Veja, edição 1710, ano 34, nº 29, de 25 de julho de 2001, reportagem de Anna Paula Buchalla.

Como a morte precoce causada pelo cigarro ajuda a sociedade, segundo a Philip Morris:

Na doença
Fumantes geram altas despesas hospitalares. Como morrem antes, sobra mais dinheiro para salvar os demais pacientes.

Na aposentadoria
Ao se aposentarem, os fumantes vivem três anos menos que os demais idosos. O governo pode poupar um bom dinheiro, que iria para o pagamento de pensões.

O cigarro anda fazendo mal ao bom senso. Na semana passada, veio a público um relatório da Philip Morris com o mais extravagante dos argumentos: que o vício do tabaco faz bem à saúde financeira de um país porque faz mal à saúde da população.

Conforme um estudo encomendado pela fábrica de cigarros americana à empresa de consultoria Arthur D. Little, graças à morte precoce de fumantes o governo da República Checa poupou 30 milhões de dólares só no ano de 1999. Esse dinheiro, diz o trabalho, equivale ao que seria gasto com tratamentos médicos, pensões e aposentadorias dessas pessoas caso elas tivessem continuado vivas.

O documento reconhece qe os cofres púclicos perdem em arrecadação de impostos com a morte do viciado. Mas contrapõe que o lugar do morto pode ser preenchido por um desempregado — e aí o poder público economiza com os encargos sociais do auxílio-desemprego.

Resumindo os argumentos: a maior fabricante de cigarros do mundo tenta provar que seu produto é bom para a economia porque mata os consumidores. (…) Segundo a empresa, a pesquisa é ‘um mero estudo sobre o impacto econômico do cigarro nas finanças’.”

Nem preciso comentar nada, é insano do começo ao fim!

2 comentários em “A matemática do absurdo

  1. Parece piada isso. Usar o argumento econômico para diminuir o consumo E poupar a saúde é uma coisa, mas dizer que a morte prematura de parte da população é um benefício para a outra parte, mesmo que isso fosse verdade, é tão absurdo quanto propor reduzir as ações de combate à mortalidade infantil para evitar o desemrego futuro e economizar as verbas de educação…

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